terça-feira, 30 de setembro de 2014

A cidade azul lembra-me o mar e o céu, e nesse horizonte constante, encontro-te. Num infinito espaço de possibilidades que me devolve a paz, quando o mundo perde o sentido. A cidade azul, nunca é esquecida por quem um dia a visitou* Reconfortantes becos cuja única saída é a saudade e a certeza de que ali um dia se foi feliz* Recordo-te vezes sem conta, no meu íntimo desejo… e quando a vida me leva a esquecer-te, o universo devolve-me a tua luz em sonhos silenciosos. Amanheces no meu quarto sob a forma de sombras cintilantes, desenhando na parede, sonetos de primavera* Deixa-me visitar-te no silêncio* Não quero que me vejas, nem que saibas que te amarei em segredo, quando quiser*

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

quão longe

um pássaro, que numa dança incerta se perdia a cada ar crescente, ...
subia, subia, subia, numa espiral de infinito. subiu, subiu subiu. e nas asas do sonho, encontrou o seu chão.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011



A meu favor

Tenho o verde secreto dos teus olhos

Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor

O tapete que vai partir para o infinito

Esta noite ou uma noite qualquer

A meu favor

As paredes que insultam devagar

Certo refúgio acima do murmúrio

que da vida corrente teime em vir

O barco escondido pela folhagem

O jardim onde a aventura recomeça.

Alexandre O´Neill

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

guarda-me num sonho bom
onde o norte é vento gelado, e os teus braços, o fogo que me aquece o coração*

quinta-feira, 8 de julho de 2010

asa leve


eu sei. já estive onde agora estás. voltarás quando perderes o teu norte... lembrar-te-ás de mim quando a vida te mostrar que o amor um dia foi tudo o que abraçamos com a força de um só nó.




voa agora meu amor, que o vento está de feição.


até breve

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010






...Abrigo no peito, como a um inimigo que temo ofender,
um coração exageradamente espontâneo
que sente tudo o que eu sonho como se fosse real,
que bate com o pé a melodia das canções que o meu pensamento canta.


Canções tristes, como as ruas estreitas quando chove.

Álvaro de Campos

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

encontro



"o rio compraz-se em transportar-nos nas suas águas, se tivermos coragem de nos libertarmos.
a nossa verdadeira missão é esta viagem,
esta aventura."




Muitas luas passaram, muitas estações, muitos vislumbres, muitas provações…
É inverno, e nada fazia prever que o frio e a chuva sem parar, trouxesse amor a esta casa. Desarrumada, sem horizonte para a vista alcançar.
Ele veio sem avisar, pela mão das forças do universo que são as mais puras, sem perguntas e respostas.
Foi então, que o meu coração quis que abrisse o meu colo para aconchegar o teu corpo. E o teu peito abriu-se para escutar a língua do meu mundo. Complicado, emaranhado, com muitos nós que o passado tendia a apertar cada vez com mais força.
Ouviste. Falaste. Escutei. Desapertaste os mesmos nós como se fossem laços delicados.
Na tua boca, as coisas da vida são afinal produto de uma equação simples. Todos podemos ser felizes. Sem rodeios, sem receios, com as cartas todas na mesa, para o jogo ser limpo.
Cresço contigo, com os teus ensinamentos… com a tua paz.
E não há maior amor que este.
Dás-me vontade de viver.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

domingo, 22 de novembro de 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

esboço



tinha dentro de si um outro eu. austero, viril.
quando deixava a barba instalar-se como trepadeiras no rosto, ficava atenta para ouvi-lo. apontava-ma à cara a mão pequena com os cinco dedos esticados e, cada um deles, enumerava as desgraças que eu havia inflingido a alguns. convinha-lhe ser o bom da fita...
gabava-se, dizendo existir na sua conduta, unicamente honestidade e verdade, mas a verdade é que nela havia espaço para roubar sorrisos às donzelas do amigo e prometer apalpadelas no rabo das mesmas, às escondidas.
mas quem és tu, dom juan de meia tigela, que te pavoneias com tais virtudes e por trás enrabas o exmo amigo coitado?
esforçou-se na vida para entender tão bem as mulheres, que acabaria por desarmá-las através das poucas palavras que lhes dedicava. era o seu divertimento... a única forma de esquecer-se do facto de não conhecer-se a si mesmo.
decidiu ficar com aquela de quem menos gostava, mas a que mais o amava. aquela cujo final de luta era o mais previsível. prenúncio de cobardia que nele assentava tão bem...
no meio de toda a história, quem tem razão é o louco, que decifra essa "verdade" como a maior mentira de todas... com uma pinta, que todos incomoda. e eu sei. soube quando feito lobo quiseste papar a menina a quem apontavas o dedo. mas a menina, encheu-te a barriga de sapos e nem um beijo na boca te transformaria em príncipe encantado.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"entre nós"

quando a vida é um momento em que se grita e canta alto. quando as palavras que se ouvem são exactamente aquelas que se querem ouvir... ou não.
uma partilha de sorrisos, dores, enganos, paixões, reencontros. a nossa voz a ressoar no coração de quem se gosta. a lua como espelho de aventuras e de amores não correspondidos ou mal entendidos...
um carro sem gasolina e destino. à vezes lembro-me e sorrio.
as horas da madrugada a passar rápido demais... a música a incitar o bater forte do coração. o jogo. a vida. a morte. a tristeza. a sorte. a aceitação.
o amor puro. aquele que se dá sem condições, trocas ou exigências.
uma flor, um abraço, as mãos, um traço... a desenhar e escrever a forma do mundo nos olhos teus.
o fim da noite e o dia a nascer. Um beijo perdido sem saber onde morrer.


às vezes lembro-me e sorrio.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

quando um beijo é tudo.

o teu embaraço, e eu, segura.


Sabia ler-te os gestos. Sabia que ao esconderes as duas mãos nos bolsos, um abraço meu te desarmaria e assim, para sempre seria tua. Imaginei...

Tinhas o poder das palavras e da razão que nelas impunhas. uma convicção sempre distante dos meus olhos e muito próxima daquele chão. esse mesmo chão que ambos pisámos e enchemos de fugas e disfarces... de danças amenas e apaixonadas onde se prometiam sonhos e se proibiam beijos.

Houve vezes em que te sonhei. a ti, comigo. As tuas sugestões, a tua frieza, distância. amargo, cruel. As tuas insinuações... doce, sensível. mistura explosiva para alguém tão vulnerável quanto eu. "Livre... Demasiado livre". insistias.

Quanto de ti viste em mim?

Tanto de ti que não sabes...

sei o quanto me despiste. sei que tremi. sei o quanto quis que me desculpasses por ser assim como disseste que eu era.


e mesmo assim, continuo a não saber quem sou.
Quanto de mim em ti?

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

a tua sombra na voz do sueste

palavras que (sobre)vivem no silencio das amarras.






If i told you







Since November, it´s been raining...

terça-feira, 28 de julho de 2009

à flor da pele

... um mar que transborda no peito.



tenho um coração avariado.

terça-feira, 21 de julho de 2009

última




tanto desamor te tenho, tão fora do meu coração ficaste, que em verdade nada te tenho.nunca foste meu e já não sou tua, já não me tens.
pouco sei por que te dou conta deste resultado, que me importará a notícia de mim que recebas? faço-o talvez por fidalguia ou superioridade de ser, que vontade minha nem é que sofras ao sabê-lo, ou que sintas alegria, mas tão só anunciar-te, como ao mundo, que nada mais se espera de ti no meu peito amadurecido agora. agora, posta entre as minhas amigas em sossego, só te lembro como matéria que em mim se deixou apodrecer. saberás tão bem como florescem rosas sobre matérias mortas, e as minhas matérias mortas meu antigo e tolo amante, alimentaram uma sabedoria que me eleva. estou onde nem tu imaginas que se possa chegar.
quanto nos rendemos aos prazeres sem interesse, fico entretanto a pensar.
por que doce e fútil alegria corri iludida com os teus sermões, suja de alma a vender-me corpo e cabeça enganada.
sei que estarás ainda hoje nos braços de quantas te satisfaçam o mesmo capricho, usando a mesma crueldade para com elas, convicto talvez que lhes pagas com a aventura o preço da revelação que virá mais tarde. enganas-te.
pousado o corpo, lavado o espírito, nem a volúpia nem o prazer, nada se impõe e a vida recompõe-se e até a vontade de recato e dignidade se reforça, tens de o saber.
nada, nada mesmo do que pudeste destruir-me se deixou destruído. não existes, meu antigo e tolo amante, agora já não existes.
esqueci tanto amor e tanto sofrimento. nem sei por que me terás levado à loucura, tão lúcida que me encontro, nem por que ganhei afeição ao sofrimento, que era o único amor que me deixaste, apartado de mim eternamente nesta vida e na vida em frente.
sofrimento nenhum se justifica por quem não o merece, aprendi-o bem.
e se meus votos sentidos perante deus me obrigam a um amor universal, passarei meu coração por cima do teu nome como se de mais um pássaro, um seixo ou um curso de água mais vivo fosses. rezarei por ti entre estas coisas mais naturais, deixarei para os homens um coração maior, importada com eles acima do cão que temos no convento, do carvalho que nos dá sombra no verão e nos uiva no inverno, ou da água que nos mata a sede, e que deus me perdoe.



valter hugo mãe

sábado, 18 de julho de 2009

sexta-feira, 26 de junho de 2009

...sentias uma feroz necessidade de sentir medo, e pela casa atravessada de ecos, de lumes, respiravas.Respiravas o ar insalubre do próximo porto.


Permanecemos aqui, neste quarto, onde a escuridão é eterna claridade.
Fora deste quarto nunca viste o mar.
Mas tudo isto se passou noutro tempo, noutro lugar. E a tua boca deixava na minha um travo de asas salgadas...
Breves nuvens. O entardecer sobre o corpo estendido na erva fresca do sonho. Abrias nas pedras fulvas da praia um sítio para esconder a paixão.
Cansei-me de te sonhar. Cansei-me do sangue e da chuva, da memória dessas rotas difíceis.
Donde te escrevo apenas uma parte de mim ainda não partiu.
Encosto a alma à quilha do navio. Deixo-me ir no vaivém das marés, e da fala.

Nenhum de nós sabia se o sonho, ou a morte, nos conduziria a algum porto de felicidade.

Quando te digo que vou de novo partir, perguntas-me: morre-se porquê?

Caminhamos em direcções opostas. caminhamos sem destino pela cidade.
A febre aniquila-nos.
Existem Índias por descobrir, no segredo da noite dos nossos desastres.
Caminhamos neste espaço de penumbras e de incertezas - onde a fala já não cintila e as palavras são de cinza.
...
Um barco tremeluz nas cortinas do quarto.
O horizonte é negro. A luz do dia extinguiu-se subitamente.
As mãos com que te toco, luminoso afogado, não são verdadeiras nem reais - porque o tempo todo talvez esteja onde existimos. Embora saibamos que nesse lugar nunca houve tempo nenhum.


Al Berto

quarta-feira, 17 de junho de 2009

when heart asks pleasure first




e um olhar perdido é tão difícil de encontar
como o é congregar ventos dispersos pelo mar

sábado, 23 de maio de 2009

vértice II




drink up, baby, stay up all night
the things you could do, you won't but you might
the potential you'll be, that you'll never see
the promises you'll only make

drink up with me now and forget all about the pressure of days
do what I say and I'll make you okay and drive them away
the images stuck in your head

people you've been before that you don't want around anymore
that push and shove and won't bend to your will
I'll keep them still

drink up, baby, look at the stars
I'll kiss you again between the bars where I'm seeing you
there with your hands in the air, waiting to finally be caught

drink up one more time and I'll make you mine
keep you apart deep in my heart separate from the rest
where I like you the best and keep the things you forgot

the people you've been before that you don't want around anymore
that push and shove and won't bend to your will
I'll keep them still

terça-feira, 28 de abril de 2009

sentir

na meia luz dos teus olhos, um sorriso que nos agarra de frente e destrói os vicios da ilusão. as tuas convicções, os teus sonhos de raizes profundas a encostarem-se subtilmente aos meus. um convite de sabores etéreos.
um código amoroso que só a intuição sabe decifrar.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

VÉRTICE I


fala-me do som da chuva nos charcos
das folhas das árvores quando o vento norte sopra
do frio que se esconde nas mantas de inverno
das borboletas que dançam na primavera e
de bailarinas que vêem o mundo inteiro em bicos de pés

fala-me de tudo, e de mim em ti...

em surdina.

sábado, 28 de março de 2009

latência




às vezes um sino que toca. prenúncio de vida à nossa volta.um mundo que abre portas ao espaço que sonhamos.
o vento a irromper nos nossos corpos e o medo a acautelar os gestos imprecisos.
a procura de sinais que subtilmente pedem consolo.
a procura da verdade, nas horas em que de olhos fechados, eu te vejo e tu me vês.
enquanto a noite segue o seu rumo...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

o luto de fevereiro


não sei que traços meus se revelam em ti.
não sei o que resta de mim nas frases tuas que contemplam o futuro.
tudo parece tão vago, escuro...
e eu não gosto de morrer assim.
escondo o polegar entre todos os outros dedos.
empurro o grito para um sítio ainda mais fundo,
e no fundo nada se altera,
a não ser a primavera, que acaba de chegar.


e com ela a andorinha, que ao olhar-me de cima achou-me ruína e entrou dentro de mim.




segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

os 5sentidos

e as cores entre cobertores



- sabia que, se os teus labios tocassem nos meus, sentiria o meu coração palpitar-me na ponta dos dedos e o teu cheiro perfumar-me-ia a memória.
sabes a pêssego.
ouço o mar na tua voz...
no espaço vazio da madrugada... a tua voz.



quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

um destino qualquer



de dia, escavava certezas num chão profundo e esbarrava-se contra sonhos à superfície.
ilusões que semeava sempre que o sentia.
viveu uma vida inteira com ele sem nunca o ter visto.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009



"não lhe pedi que viesse. pedi-lhe só que às dez da noite e pela última vez, a sua lembrança me esperasse ao caminho. Cheguei cedo e sentei-me. Quando soasse a hora, eu queria senti-la ao pé de mim, não bem no seu corpo, não bem nas suas palavras, mas apenas naquele sossego harmonioso que tornava o mundo perfeito...


apareceu tão leve como a sua lembrança.


... caminhei pela vereda branca, lavado numa pureza desconhecida, anterior à minha humanidade, e onde, no entanto, eu me sentia todo inteiro. Quando cheguei ao topo da colina, olhei ainda atrás a ausência dela. Mas lentamente, surpreso e todavia calmo, fui descobrindo-a em pessoa, em pé, no meio do caminho, vestida de lua, esperando decerto como eu que toda a serra e toda a aldeia e tudo o que nos fora prometido ficasse enfim tão diferente como quando ainda não tinhamos nascido."

Vergílio Ferreira

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

sei de um lugar


eras livre.
as únicas cordas que te amarravam a alma eram as da guitarra.
tinhas a alma livre.
o teu corpo passeava-se nas ruas, solto e fresco como o vento que agita suavemente as ondas do mar. sorrias para a vida e ela retribuia-te com dias amenos.
conheci a tua casa. uma rede entre dois troncos.
as árvores meio despidas de folhas e pequenas flores a colorir a copa. o teu tecto.
a rede, não tinha fundo. entrar nela, era o mesmo que entrar no infinito azul do céu.
sei que me levavas pela mão,
e a pele do teu corpo, o único caminho que decorei.


leva-me outra vez.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

nem tudo são cerejas...

...sei também que carrego um doce fado no sangue, herança de outras vozes e outros amores.
o meu avô sempre disse para se ter cuidado a partir a melancia... não se pode partir-lhe o "coração". tem que ficar inteiro. é a parte mais docinha...
e no fim olhava para nós com um leve sorriso que lhe subia o bigode... (era frase para esconder um segredo qualquer.shiuu).
nunca em nenhuma outra boca ouvi falar desta verdade, assim.
a parte engraçada era a de ver, no nosso pueril desejo, o meu avô falhar no corte e ver o coração despedaçar-se. mas não! engane-se quem duvida da perícia de um avô vivido. o meu é um verdadeiro escultor de melancias.
O coração... esse, ficava ali intacto à espera, absorvendo a doçura da nossa inocência...
bem sabia... fiquei sempre com a intuição a latejar em tom duvidoso, quando dizia que a cereja era a minha fruta preferida.

quando for grande, na hora H, que seja por alguém tão sábio quanto o meu avô, e que no fim ainda remata com um : é doce como mel...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

reencontro

-olá!!! Já não me lembrava muito bem de ti...
mentira!
nunca me esqueci da inexpressão do teu rosto. Queria eu saber de ti e tinha que olhar-te nos olhos. Era lá que morava a luz do teu sorriso. a escuridão também, vizinha do teu dó maior.
"Estou diferente!?" não estou não, juro.
imagino-te a sentires como eu... refugiado em terras de sonho onde tudo é possível, tudo perfeito no caos das palavras e gestos soltos.
quero dizer-te que estás igual, e que de todos os lugares, o melhor para encontrar-te foi aquele onde estavas...
esqueci-me de te perguntar: em que prateleira estão os sopros e os arco-íris?

gostei de te ver. verdade!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

sou tua



...

"Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer"


Mia Couto

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

o mito do quarto minguante

acordei com vontade de manter-me de olhos bem abertos ao mundo, tentando que a tua sombra nao ofuscasse o meu caminho. eu tento, todos os dias, que a tua voz não me interrompa a atenção, que os teu olhos não se reflictam na imagem de um mar tumultuoso de Inverno. pediste-me que te contasse a forma que o teu corpo tem tomado nos meus sonhos... zangado, de rosto boémio, falas uma língua de bêbedo que me insulta a cobardia. Espetas-me insultos como uma faca no coração e depois partes, a chorar despedidas. e eu, fico sempre à espera do teu perdão solidário, fico à espera inventando formas de contrariar esta história sem fim. Sempre a imaginar-te a afagares-me a culpa.Tudo ficou difícil quando um dia não escolhi o amor.


O amor… queria tê-lo preso ao meu corpo, que não andasse solto, descalço e sem botões no casaco.
Por isto, por tudo, deixa-me chorar. deixa que este calor me atravesse e separe todas as partículas do meu sentir. Que me construa um lugar novo para sonhos e eufemismos onde te veja a sorrir mesmo que a dor seja a única que vislumbres. deixa-me acordar livre ou deixa-me livre para acordar.

com a certeza de que o sol está para lá do poente a iluminar também, outros olhares.




Please let me be
No more no less
Than a beautiful mess

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

onde sempre estamos




here is the deepest secret nobody knows
here is the root of the root and the bud of the bud and the sky of the sky of a tree called life, which grows higher than soul can hope or mind can hide.
and this is the wonder that's keeping the stars apart
i carry your heart(i carry it in my heart
)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

quando quero chorar...



o amor perdeu o seu caminho. vejo-o aninhado no horizonte do teu olhar. o meu, deixei-o na espuma das ondas...

diz-me meu amor... porque choras?

tenho de ir e dentro de mim nada levo.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Dentro



tu lês. antes de ti, ela muda as palavras. antes dela,
eu escrevo. eu passei por aqui, ela passou por aqui,
tu passas agora por aqui.


entendes isso? ela está onde tu estarás. eu estou onde
ela estará. eu corro pelas palavras, ela persegue-me.
tu corres atrás de nós para nos veres correr.

eu escrevo casa e continuo pelas palavras. ela segura
as letras da casa e escreve vida. tu lês vida e entendes casa
e vida. eu não sei o que entendes.

eu corro. ela corre atrás de mim. tu corres atrás dela.
não existimos sozinhos. sorrimos quando paramos,
quando nos encontramos. aqui.


José Luís Peixoto